
Araranguá - Apesar de estar pela primeira vez ministrando no Presídio de Araranguá, a professora de culinária Valéria de Sá Machado já tem experiência, já que fez um estágio na cadeia pública feminina de Florianópolis. Como o curso ministrado a 16 detentos no Presídio Regional de Araranguá iniciou nesta semana, e deve se estender até 07 de dezembro, por enquanto, é a professora quem mistura e prepara os ingredientes. Por isso, tudo o que sai do forno tem um sabor especial. Em breve, os presos terão que pôr a mão na massa, e mostrarem seus valores culinários. A professora está otimista: “Eles são interessados, temos uma boa troca de experiências e confiança. Estamos crescendo juntos”, disse.
O preso Osni da Cunha Tomé, 45, foi atraído para as aulas de culinária porque já teve uma lanchonete, e queria se aprimorar nos doces, que diz não ter “uma mão muito boa”. Ele tem esperanças de sair da cadeia ainda este ano, e acredita que o curso pode ajuda-lo a recuperar o tempo perdido na vida em sociedade: “É uma experiência, que pode me trazer novas propostas de trabalho”.

Eles estão dispostos a aprender, e podem utilizar o curso para conquistar profissão após pagarem o que devem à sociedade
VGE, 32, só sabia fritar ovo, e acredita que vai sair da cadeia “um quase-expert” na cozinha. Ele acredita que sai da cadeia em dois anos, e diz que o que aprender nas aulas será usado na vida doméstica, já que não pretende trabalhar como cozinheiro.
Para a diretora do presídio, Bárbara Santos de Souza, projetos como as aulas de culinária, de manicure e pedicure (abordada pelo Correio do Sul na edição de ontem), montagem e manutenção de computadores e aulas de confecção de redes, bem como a terapia para presos dependentes químicos, que inicia nesta semana, contribuem para a ressocialização, e abrem portas para que o preconceito diminua: “Não temos prisão perpétua, por isso sabemos que todo o cidadão que entra no sistema prisional um dia terá que sair. Fazer com que esta volta ao convívio social se torne menos agressiva possível, com garantia de instrumentos para o mercado de trabalho e a auto-estima, é nossa missão. Se conseguirmos, podemos dizer que fizemos um bom trabalho”, finaliza.
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