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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Temporada conta com apenas um médico no plantão do HRA

Falta de plantonistas traz como consequência espera de horas por atendimento no maior hospital do Vale.

Região – Num momento em que as populações praticamente triplicam nas praias do Vale, um velho problema vem se estendendo – e se complicando ainda mais com a chegada dos turistas – no Hospital Regional de Araranguá.
Mesmo com uma demanda ainda maior durante o feriado de Reveillon, apenas um médico plantonista atendia a população no hospital neste sábado, 02. O resultado era muita gente esperando para ser atendido no pronto-socorro do HRA, com atendimentos que demoravam até duas horas para acontecer.
Antessala do HRA mantinha três pacientes desesperados por atendimento quando médico saiu para ir ao banheiro, e recebeu críticas.

A reportagem do Correio do Sul teve acesso a antessala do atendimento durante a noite e a madrugada de sábado para domingo, e percebeu de perto o sofrimento de alguns pacientes, como um rapaz, morador de Mato Alto, em Araranguá, que trazia muitos ferimentos pelo corpo em virtude de um acidente de moto. Ele estava deitado na maca por cerca de duas horas – tinha chegado por volta das 22h, e até a meia noite, ainda não tinha sequer sido medicado com algum remédio para dor: “Se pudesse levantar daqui, ia embora pra minha mãe cuidar de mim”, disse o rapaz desesperado, que foi atendido pelo único plantonista às 24h10. Próximos a ele, uma mulher que sentia fortes dores no peito e outro rapaz que também havia se acidentado de moto esperavam sentados pelo atendimento que não acontecia por mais de 1,5 hora.





Rapaz que sofreu acidente de moto passou duas horas na maca sem receber atendimento médico nem remédio para dor.

Alta demanda - O problema não é negado pela diretora do HRA, Rita Prêmoli, que diz que durante a temporada de verão, a demanda no atendimento de urgência e emergência aumenta em até 300%. Ela diz que o único médico de plantão atende o pronto-socorro e também os internados, quando necessário, o que provoca ainda mais demora no atendimento. Na noite em que o CS esteve no local, observou o médico sendo pressionado pela população, porque precisou ir ao banheiro. A situação é crítica também para os funcionários, que precisam administrar os nervos dos pacientes e familiares que ficam cansados com a demora no atendimento.
Rita diz que o projeto de transformar o HRA em hospital universitário, promessa feita pela Unesc desde o início da administração do hospital pela entidade, há cerca de 15 anos, e reforçado por representantes da universidade durante a coletiva de imprensa que lançou o Projeto Prosperidade Sul Catarinense na 22ª SDR, no dia 18 de julho do ano passado, não se tornou realidade porque ainda não foi lançada a licitação prometida pelo Estado para decidir quem deve administrar o HRA. A promessa do edital já transpassa mais de um ano sem resultados. A reportagem do Correio do Sul procurou pela Secretária de Saúde do Estado, Carmen Zanotto, através de sua assessoria de imprensa, para buscar informações sobre a abertura do processo de licitação, mas até o fechamento desta edição, o contato não foi retornado.
Soluções – Para Rita, a solução do impasse, além da licitação para definir o administrador e propiciar o andamento de projetos como o hospital escola, seria a conscientização de municípios e população sobre a verdadeira vocação do pronto socorro do HRA: o atendimento exclusivo dos casos de urgência e emergência. Segundo ela, soluções como a que está sendo planejada pela Secretaria Municipal de Saúde de Araranguá para a implantação de Unidades de Pronto Atendimento devem desafogar a demanda no hospital em até 70%. Outra solução mais urgente seria a cessão de médicos dos municípios para atendimento na unidade hospitalar, o que segundo Rita, foi pedido, mas não concedido.


UPA – A secretária de Saúde de Araranguá, Evelyn Elias, diz que estudos comprovam que 50% a 60% dos casos atendidos pelo HRA não se enquadram nos quadros de urgência e emergência. Ela admite que os municípios têm responsabilidade em atender suas demandas de saúde, e diz que o município tem trabalhado para minimizar os problemas no HRA. Uma das soluções é a implantação do atendimento nas unidades de saúde, que ampliaram horários e número de médicos e especialistas. Já o projeto de instalação das Unidades de Pronto Atendimento pretende desafogar o atendimento no pronto socorro do HRA em até 70%. O problema é que isso vai demorar, já que a licitação para a realização dos projetos arquitetônicos, hidráulico e elétrico foi aberta no final de 2009, e a expectativa é que a obra de 700m2 avaliada em R$ 1.050 milhão deve ser inaugurada apenas em outubro desse ano. Enquanto isso, o próprio hospital e a população precisam ser pacientes para suportar a demanda e a demora no atendimento, que continuará contando com apenas um médico no plantão do pronto socorro do HRA.

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