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terça-feira, 18 de maio de 2010

Famílias resistem e vão para abrigo em cima da hora - Publicada no Jornal Amorim do dia 14 de maio de 2010.

Correria foi grande durante a madrugada de ontem, quando por volta das 2h, muitas famílias perceberam que não tinham mais condições de permanecer nas casas.

Araranguá – Mais uma vez, a tese de que o povo brasileiro tem a mania de deixar tudo para a última hora foi confirmada. Desta vez, foram os moradores da Barranca e da Baixadinha que deixaram expirar o prazo, quando por volta das 2h de quinta-feira (13), o rio Araranguá chegou a atingir 2,50 m, obrigando as pessoas a saírem de suas casas, já inundadas.

“Foi um festival de ligações para a Defesa Civil de pessoas pedindo socorro, mas a água já estava invadindo as casas, e muitas coisas não puderam ser salvas”, conta o coordenador da Defesa Civil de Araranguá, Ernani Palma Ribeiro, que diz que desde as 17 horas de quarta-feira, cinco caminhões estavam disponíveis para realizar as mudanças e o transporte das pessoas para o abrigo no salão paroquial da igreja matriz, no centro, mas os moradores se negavam a sair das casas. Por causa do grande fluxo da madrugada, muita gente precisou mesmo se contentar em pernoitar na sede da associação de moradores da Barranca, onde até o fechamento desta matéria, às 20h, a água ainda não havia chegado.


Dia de ontem foi movimentado nos abrigos, que somam 82 famílias e mais de 250 pessoas.


Acostumada com as enchentes, a moradora da rua Meleiro na Baixadinha, Ondina Gonzaga Gomes (57) foi a primeira a chegar no abrigo da igreja matriz junto com a neta, Raíssa (7), por volta das 20h de quarta-feira (12). Quando foi abordada pela reportagem do Jornal Amorim, às 23 h, a mulher disse que até estava envergonhada de ser a única abrigada no espaço, mas ao mesmo tempo estava contente, já que não havia perdido nenhum objeto da casa: “A gente já conhece o rio, quando começa a bater no nosso pátio, é hora de sair. Antes disso, eu e meu marido recolhemos todos os móveis e colocamos em um lugar seguro, longe da enchente. Chorar depois é tarde”, ensina a mulher, que diz que a experiência impede grandes dores de cabeça no futuro.

Ondina e a neta Raíssa foram as primeiras a chegar ao abrigo montado pela prefeitura, no salão paroquial da igreja matriz: prevenção.
Também na quarta-feira, às 22h, o caminhoneiro Luciano Baltazar trazia, junto com outros três voluntários, os móveis da segunda família, que mora na rua Lauro Carneiro, na Barranca, e veio para o abrigo. O homem trabalhou durante toda a madrugada transportando os móveis e objetos de pelo menos 50 famílias abrigadas no espaço da matriz, que até o fechamento desta edição, somavam 171 desabrigados ocupando aquele espaço. No Centro comunitário da Barranca, outras 109 pessoas desabrigadas passaram a noite no local.

Lucas Baltazar trabalhou toda a madrugada com o caminhão, trazendo famílias para os abrigos da prefeitura.

Outra voluntária que não poupa esforços para ajudar os desabrigados é a diretora do Departamento de Ensino Infantil da Secretaria municipal de Educação, Suzana Daniel (31), que deixou os filhos de oito e cinco anos em casa para se juntar aos colegas da Educação na missão de auxiliar os desabrigados. Assim como ela e os funcionários da Educação, a prefeitura mobilizou voluntários da secretaria de Obras, Saúde, Bem Estar Social e outros órgãos para prestar a solidariedade nessa hora tão difícil para a população atingida pelas enxurradas em Araranguá.


Situação de muitas famílias é aguardar àgua baixar dentro dos abrigos instalados pela prefeitura.

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